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O skate feminino, e brasileiro, começou o ano muito bem. No último domingo, dia 28 de Janeiro de 2018, tivemos uma etapa do mundial de Bowl: o Oi Park Jam no Édem Skate Park localizado na Praia Brava, em Itajaí – SC. Trata-se de um pico de skate incrível, a uma quadra do mar, e com uma estrutura digna do evento. A equipe SkateTake esteve presente no evento e acompanhou tudo de perto.

Quanto vale o skate feminino?

Normalmente por trás de grandes eventos existem grandes marcas, e elas precisam ser valorizadas. Especialmente no caso do mercado de skate, onde a realização de eventos de grande porte não é comum. Por isso, é necessário reconhecer o fato de que empresas como a Oi e a Globo estão investindo no esporte, e esse evento foi um grande exemplo disso.  Sim, a Globo realizou uma cobertura pelo programa Esporte Espetacular, com mulheres no comando como a apresentadora Fernanda Gentil e a jornalista Carol Barcellos que oferecendo uma presença de palco incrível no evento mostrou também a força do feminino. Independente de lobbys ou interesses empresariais, não importa, a vida é feita de trocas, e esse evento foi prova disso, seja para trocar uma idéia, conhecer pessoas, ou trocar manobras chocantes por exposição na mídia com pontos, muitos pontos, na audiência.

Resumindo, a etapa do mundial foi foda! Além de um nível muito alto de skate em todas as categorias, a estrutura do evento foi muito bem pensada pelos patrocinadores e organizadores! Mas esse post é pra falar sobre algo bem mais relevante: a polêmica pós-evento envolvendo o skate feminino.

Para assistir vídeos do Oi Park Jam e do pico Édem Skate Park, toque aqui.

So… Give me the facts!

Apesar de ser uma discussão polêmica, ela não é nem um pouco nova, estamos falando do valor da mulher no mercado de trabalho.

A discussão finalmente chegou no skate em uma proporção mais ampla. E isso é ótimo, crucial, super importante para o skate feminino no Brasil e também no mundo. Conforme colocamos em outro blog post:

O skate sempre foi muito discriminado no Brasil, na verdade ainda é. Porém, nos últimos anos esse preconceito vem diminuindo. Se diariamente já rola um olhar torto pra skatistas do sexo masculino, que representam 81% dos skatistas, imagine para as meninas que andam de skate?

Leia também: “Skate Feminino em alta no Brasil?

Com o movimento feminista atual que está rolando no mundo todo com cada vez mais força, as mulheres aos poucos conquistam um espaço que é de direito dentro da nossa sociedade. E é justo dizer que elas estão avançando muito! O que rolou no evento de skate foi que o primeiro lugar masculino, Pedro Barros – volta do campeão – ganhou R$ 17.000,00, enquanto a primeira colocada no feminino, Yndiara Asp – veja a volta da campeã aqui – R$ 5.000,00. WFT???? Muitos se perguntaram, e o resultado foi uma chuva de comentários e repercussões nas mídias sociais.

Yndiara Asp e Pedro Barros - Oi Park Jam
Foto de Yndiara Asp e Pedro Barros que deu inicio a polêmica.

Pronto, bastou a foto ser postada no perfil do Oi Park Jam para o sensacionalismo começar. E por que sensacionalismo? Explico.

Existem mídias e pessoas que se alimentam do sensacionalismo e da polêmica. Quando esse é um valor ético central de quem escreve ou comenta, não existe imparcialidade. Quero dizer: muita coisa depende do contexto, e existem fatos que uma foto não descreve.

Caso eu, superficialmente analise a foto ou/e somente o título da matéria, já formo uma opinião de maneira precipitada. E o contexto era o seguinte:

  • No total foram 23 skatistas homens participando (apenas 1 amador);
  • Destes, 22 profissionais rankeados no circuito mundial;
  • Participaram 10 skatistas mulheres, sendo a maioria amadora;

Dado o cenário, é natural esperar uma premiação diferente entre o masculino e feminino.

Em 2015 foi feita uma pesquisa pela Data Folha encomendada pela CBSK. O resultado mostrou que, na época, as mulheres representavam apenas 19% do total dos skatistas. No evento de 2017 E-Trick General Lyy (Toque aqui para acessar o evento), realizado digitalmente dentro do app do SkateTake, os números de participantes também foi parecido, ou seja, 50% mais de participantes do sexo masculino. Entretanto, em nossa experiencia digital, é possível perceber um empoderamento maior das mulheres no skate feminino em campeonatos digitais, se comparado com os campeonatos em formatos presenciais tradicionais. As mulheres estão mais nas mídias digitais que os homens.

Então, novamente, vamos valorizar também as marcas que fazem eventos femininos e que ajudam na construção da igualdade entre os gêneros! Isso tudo não muda o fato da relevância da questão feminina nos dias atuais, muito pelo contrário: a luta das mulheres por igualdade no esporte e na sociedade vai muito além do valor do prêmio ilustrado nessa foto.

Essa percepção aqui colocada também é partilhada pelos campeões do evento que, mesmo com o incentivo de pessoas dizendo: “você não vai meter a boca nisso?“, souberam ter o discernimento. Nas palavras da campeã Yndiara nosso objetivo é a equidade e estamos todos juntos nessa causa“.

Pedro Barros completa ainda que:  “O sensacionalismo com falta de respeito, de estrutura e de informação é literalmente uma ignorância absurda, uma ignorância que é do mesmo tamanho da ignorância do machismo, da ignorância do preconceito. Espero que essa polêmica ajude o skate feminino a conquistar cada vez mais seu espaço no skate, espero que também abra a cabeça de outras empresas grandes para que assim invistam no skate”.

E você, o que acha dessa perspectiva dos fatos? Se você gostou, compartilhe com seus amigos e comenta aí!

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